25 DE ABRIL - como explicá-lo às crianças
Às vezes é difícil conseguirmos explicar o significado do feriado do 25 de
Abril aos nossos filhos, principalmente porque muitos de nós éramos muito
pequenos ou ainda nem éramos nascidos na altura da revolução.
Talvez começando por explicar como eram algumas coisas antes do 25 de Abril,
comparando como são hoje:
Antes só havia um partido político que apoiava o Governo e apesar de haver
eleições estas não eram livres, já que só se podia votar no partido do Governo
e as mulheres só podiam votar se tivessem concluído o ensino secundário (o que
não era muito comum).
As mulheres necessitavam de autorização escrita do marido para fazer
determinadas coisas, como por exemplo, viajar sozinhas para o estrangeiro ou
ter um negócio próprio.
Não se podia dizer mal do Governo, quem o fizesse era preso; existia uma
polícia política com uma rede de informadores por todo o país, que escutavam
quase todas as conversas e as denunciavam caso fossem contra a lei.
As pessoas que se casassem pela Igreja não se podiam divorciar.
Cada empresa pagava o que queria aos seus trabalhadores, ao contrário dos
dias de hoje em que há um salário mínimo.
Para poderem ser publicadas, as notícias tinham de ser autorizadas pela
Censura, bem como as peças de teatro, as músicas, os livros, os programas de
tv, etc., ao contrário de hoje que há Liberdade de Imprensa.
Os jovens passavam quatros anos na tropa, o serviço militar obrigatório,
dois dos quais na Guerra do Ultramar (guerra nas colónias africanas); enquanto
que hoje o serviço militar deixou de ser obrigatório.
Havia escolas de rapazes e de raparigas, não havia turmas mistas.
Estas são apenas algumas coisas que mudaram... havia muito mais
injustiças...
A certa altura, os militares sabendo que a Guerra do Ultramar era uma guerra
impossível de ser ganha fundaram o MFA (Movimento das Forças Armadas) e no dia
24 de Abril de 1974 tentam derrubar o Governo.
Às 5 para as 11 da noite, passa na rádio a canção "E Depois do
Adeus", de Paulo de Carvalho, a primeira senha para o início das operações
do MFA.
À meia noite e vinte é passada na rádio a segunda senha "Grândola Vila
Morena", de Zeca Afonso.
Uma coluna militar de tanques, comandada pelo Capitão Salgueiro Maia sai da
Escola Prática de Cavalaria, em Santarém em direcção à capital, onde toma
posição junto aos ministérios e depois cerca o Quartel do Carmo onde se tinha
refugiado o chefe do Governo, Marcelo Caetano.
Durante o dia, os populares
juntam-se aos militares. Conta-se que a certa altura uma vendedora de flores
começou a distribuir cravos e os soldados enfiavam-nos nos canos das
espingardas e os populares colocavam-nos ao peito. Por isso se chama ao 25 de
Abril a Revolução dos Cravos, por ter sido uma revolução pouco violenta com
apenas 4 mortos e poucos feridos.
Ao fim da tarde, Marcelo Caetano rendeu-se e entregou o poder ao General
Spínola.
Para além do Capitão Salgueiro Maia, que comandou a coluna de Santarém,
outros militares desempenharam papéis importantes no 25 de Abril. O major
Otelo Saraiva de Carvalho foi o comandante operacional do golpe, dirigindo as
operações a partir do Quartel da Pontinha, nos arredores de Lisboa. Outros
nomes importantes são major Melo Antunes, o capitão Vasco Lourenço, o major
Vítor Alves, o general Costa Gomes e o general Spínola.
Normalmente, nesta data na TV passam alguns filmes e documentários que nos
ajudam a explicar aos miúdos a importância desta data!
COMO OS ARTISTAS DO 3º ANO VEEM O 25 DE ABRIL